Em meio a um clima de incerteza global, os mercados financeiros enfrentam uma onda de pânico. Com quedas expressivas nos índices futuros de Wall Street, colapsos em bolsas asiáticas e liquidações em massa no mercado de criptomoedas, investidores temem que a próxima segunda-feira marque o início de uma nova “Segunda-feira Negra”.

Na noite de domingo, os futuros das principais bolsas americanas desabaram: o S&P 500 caiu quase 6%, o Nasdaq 100 recuou mais de 6% e o Dow Jones teve perdas superiores a 5%. Esse movimento acentuado aumentou os temores de um início de semana caótico para os mercados globais, num cenário que remete aos eventos históricos de forte aversão ao risco.
O apresentador Jim Cramer, da CNBC (canal por assinatura da NBCUniversal dedicado a notícias de negócio) , chegou a sugerir a possibilidade de uma queda histórica:
“Estou surpreso que não tentem uma recuperação mínima, caso o ex-presidente Trump perceba que uma Segunda-feira Negra pode manchar seu legado”, comentou em uma rede social.
Do outro lado do planeta, as bolsas asiáticas seguiram o mesmo tom. No Japão, o índice Nikkei 225 chegou a cair quase 9%, enquanto em Taiwan o índice Taiex desabou 10% após um feriado prolongado, ativando os mecanismos automáticos de proteção do mercado, conhecidos como circuit breakers. Para conter o colapso, autoridades locais decidiram suspender temporariamente as vendas a descoberto.
O impacto foi igualmente devastador no universo das criptomoedas. De acordo com dados da CoinGlass, cerca de US$ 900 milhões foram liquidados em apenas algumas horas — incluindo posições longas e curtas de Bitcoin, que sozinha respondeu por mais de US$ 300 milhões. O Bitcoin recuou abaixo da marca de US$ 80.000, enquanto o Ethereum caiu para menos de US$ 1.800.
O índice de volatilidade VIX, conhecido como “índice do medo”, também disparou, ultrapassando os níveis registrados em agosto de 2024. A Carta Kobeissi, uma publicação macroeconômica bastante acompanhada por analistas, alertou que o mercado já não se comporta de maneira racional.
“Até os ativos considerados portos seguros estão sendo descartados. A liquidação agora é movida pelo medo puro” – afirmou em uma postagem no X (antigo Twitter).
A pesquisa semanal da Associação Americana de Investidores Individuais (AAII) apontou que mais de 60% dos respondentes estão pessimistas quanto às perspectivas do mercado — o terceiro maior índice da série histórica. O otimismo, por sua vez, caiu para menos de 22%.
No setor cripto, o cenário é semelhante. O valor total do mercado caiu cerca de 10%, atingindo US$ 2,57 trilhões, conforme dados da CoinGecko. Embora alguns analistas prevejam uma possível recuperação técnica nos próximos dias, há consenso de que o movimento atual se aproxima de uma capitulação — o estágio final de um ciclo de vendas intensas.
Agora, os olhares se voltam para a abertura dos mercados nos EUA nesta segunda-feira e para os novos dados de inflação esperados para o final da semana. Esses serão os próximos indicadores a definir o rumo de um mercado que, neste momento, navega em mares turbulentos.