
Em meio às turbulências geopolíticas e à retração do apetite ao risco, uma previsão ousada chama atenção no universo cripto: o Bitcoin ainda pode atingir a impressionante marca de US$ 1,8 milhão por unidade até 2035. A estimativa vem de Joe Burnett, diretor de pesquisa da Unchained, que acredita que o potencial da principal criptomoeda do mundo permanece sólido, mesmo diante das atuais incertezas econômicas.
Durante uma participação ao vivo no programa Chainreaction, transmitido pelo Cointelegraph na plataforma X (antigo Twitter), Burnett defendeu que o Bitcoin continua em um ciclo de valorização de longo prazo. Segundo ele, mesmo com a queda recente nos preços e a saída de capitais dos ETFs, o ativo digital segue no caminho para rivalizar — ou até mesmo superar — o ouro, cuja capitalização de mercado gira em torno de US$ 21 trilhões.
Burnett se apoia em dois modelos de projeção para embasar sua análise: o “modelo paralelo”, que aponta para o valor de US$ 1,8 milhão por moeda até 2035, e o “modelo Bitcoin 24”, desenvolvido por Michael Saylor, fundador da MicroStrategy, que prevê um valor ainda maior — cerca de US$ 2,1 milhões no mesmo período. Para Burnett, ambos os cenários são viáveis e representam estimativas conservadoras frente às possibilidades do mercado.
“O ouro hoje é avaliado em cerca de US$ 21 trilhões. Se o Bitcoin alcançar essa mesma capitalização, isso equivaleria a cerca de US$ 1 milhão por unidade nos valores atuais”, explicou o analista.
Ele compara a revolução da criptomoeda ao avanço da indústria automobilística em relação às antigas charretes, destacando o valor tecnológico do Bitcoin frente aos ativos tradicionais.
A crescente maturidade do Bitcoin também é um fator importante na equação. Segundo Burnett, a volatilidade da moeda vem diminuindo tanto em períodos de alta quanto de queda, sinal de que o ativo começa a se comportar como uma classe de investimento mais consolidada.
“Durante os ciclos de baixa, as moedas acabam nas mãos de investidores com mais convicção, o que fortalece ainda mais a rede”, afirmou.
Ainda assim, o cenário macroeconômico impõe obstáculos. Desde o início de 2025, tensões comerciais impulsionadas por medidas protecionistas — como as ameaças de tarifas do governo americano — têm influenciado o comportamento dos investidores. A instabilidade global favorece ativos considerados mais seguros, como o ouro, que teve uma valorização superior a 23% no ano. Já o Bitcoin, no mesmo período, acumula uma desvalorização de mais de 10%, conforme dados da plataforma TradingView.
Para Enmanuel Cardozo, analista da plataforma Brickken, a cautela ainda é dominante no mercado:
“Os investidores estão reavaliando seus portfólios e buscando proteção. O ouro, neste contexto, volta a ser uma alternativa tradicional. O cenário pode continuar assim por pelo menos mais 90 dias, até que haja maior clareza sobre as negociações comerciais globais”, avaliou.
Apesar da oscilação nos preços e das incertezas políticas, o sentimento entre analistas segue majoritariamente otimista quanto ao futuro do Bitcoin. Arthur Hayes, cofundador da BitMEX e atual diretor de investimentos da Maelstrom, acredita que a criptomoeda pode alcançar os US$ 250 mil já até o final de 2025, especialmente se o Federal Reserve dos Estados Unidos adotar medidas de flexibilização monetária.
nquanto o mercado tradicional se ajusta às mudanças globais, o Bitcoin segue sendo visto por muitos como uma inovação inevitável. As projeções de longo prazo, embora audaciosas, refletem uma crença crescente no potencial transformador da tecnologia blockchain e na descentralização financeira. Se as expectativas se confirmarem, a próxima década poderá consolidar o Bitcoin não apenas como um ativo relevante — mas como o novo padrão de valor global.