A Metaplanet, companhia japonesa com ações listadas na Bolsa de Tóquio, voltou a movimentar o mercado de criptomoedas ao anunciar uma nova compra significativa de Bitcoin. Em meio a incertezas geradas pelas recentes movimentações comerciais dos Estados Unidos, a empresa consolidou ainda mais sua posição como uma das maiores entusiastas institucionais do ativo digital no Japão.
Na mais recente aquisição, a Metaplanet investiu aproximadamente 3,78 bilhões de ienes, o equivalente a 26,3 milhões de dólares, na compra de 319 Bitcoins. Com isso, a empresa já acumula um total de 4.525 BTC em sua carteira — e esse número pode crescer substancialmente. A meta divulgada pela companhia é alcançar 10 mil BTC até o fim de 2025, o que representaria um salto de 470% no volume atual de criptoativos sob sua custódia.
A decisão de reforçar a posição em Bitcoin ocorre num cenário de crescente instabilidade geopolítica, especialmente em relação às tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses. Durante o último fim de semana, o Bitcoin sofreu uma leve retração, caindo mais de 2% na Ásia e sendo cotado a cerca de US$ 83.482. Esse movimento refletiu a incerteza dos investidores diante de declarações divergentes do governo americano sobre a política tarifária.
Embora alguns itens, como smartphones e chips semicondutores, tenham sido temporariamente poupados de uma tarifa recíproca de 10%, o ex-presidente Donald Trump, em postagem na plataforma Truth Social, indicou que esses mesmos produtos ainda poderão ser taxados com uma tarifa de segurança nacional de 20%. O secretário do Comércio, Howard Lutnick, confirmou que novas medidas tarifárias, focadas em setores específicos, deverão ser anunciadas nos próximos dois meses.
Apesar do clima de tensão, os mercados financeiros tradicionais se mantiveram relativamente estáveis. Os futuros do Nasdaq 100 subiram mais de 1%, enquanto o S&P 500 avançou 0,7% no início do pregão. Já no universo cripto, o impacto foi moderado. Na manhã de segunda-feira, o Bitcoin subiu discretos 0,4% nas últimas 24 horas, alcançando os US$ 84.990, segundo dados da CoinGecko. O Ethereum teve desempenho um pouco melhor, com valorização de 1,8%, cotado a US$ 1.638.
Conhecida por seguir uma estratégia inspirada na da norte-americana MicroStrategy — liderada por Michael Saylor, notório defensor do Bitcoin — a Metaplanet busca consolidar sua imagem como referência asiática em investimentos corporativos em criptoativos. Em um movimento simbólico, a empresa recentemente nomeou Eric Trump, filho do ex-presidente dos EUA, para integrar seu Conselho Consultivo Estratégico, destacando sua “experiência em negócios e entusiasmo pelo Bitcoin”.
Além das ações da Metaplanet, o governo Trump tem sinalizado um interesse renovado em ativos digitais. Duas iniciativas ganharam destaque: uma Reserva Estratégica de Bitcoin, alimentada por moedas digitais apreendidas e mantidas como patrimônio nacional, e um Estoque de Ativos Digitais dos EUA, com o objetivo de administrar outras criptos confiscadas com potencial estratégico ou comercial.
Com o apetite institucional por Bitcoin em crescimento e a geopolítica influenciando o comportamento dos mercados, a Metaplanet se posiciona como uma das protagonistas dessa nova fase de consolidação dos ativos digitais. Resta saber se sua estratégia ambiciosa encontrará respaldo em um cenário econômico global cada vez mais volátil — ou se servirá como exemplo para outras empresas que buscam alternativas às moedas tradicionais.
